Nestes dias do ano, as vendas de espumantes e vinhos crescem de 30% a 50% frente aos demais meses. Essa fase ajuda a projetar o polo das vinícolas de altitude de Santa Catarina que tem apenas 19 anos mas vem se consolidando no mercado estadual e nacional pela qualidade. São mais de 30 vinícolas-boutique situadas na Serra e no Meio Oeste catarinense, em altitude de 900 a 1.400 metros acima do nível do mar, que cultivam uvas viníferas europeias e a maioria já tem produtos no mercado. A principal concentração está em São Joaquim, mas há unidades em Urupema, Água Doce, Campo Belo do Sul, Treze Tílias e em outros municípios. Uma parte oferece enoturismo.
– Nossos vinhos e espumantes vendem bem em Santa Catarina e no Brasil. Têm boa distribuição no Estado e também nas principais lojas de vinhos de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Brasília, Rio de Janeiro e Recife. Para difundir ainda mais nossos produtos estamos organizando uma programação diferente para a 6ª Vindima de Altitude (festa da colheita da uva), que será nos finais de semana de março em São Joaquim. Faremos uma feira aberta na praça para facilitar a participação do público – adianta o coordenador da vindima, o empresário Acari Amorim, pioneiro na produção de altitude catarinense com a vinícola Quinta da Neve, de São Joaquim, que fará 20 anos em dezembro de 2019.
Vinícolas-boutique
Desde que os primeiros vinhos de altitude chegaram ao mercado, os consumidores do país e exterior provam, elogiam a qualidade, mas dizem que é caro. Muitos comparam com os preços de vinhos produzidos em série no Chile e Argentina. Amorim, que também é ex-presidente da Vinhos de Altitude Produtores Associados, entidade que reúne as empresas do polo regional, explica que as vinícolas-boutique fazem vinhos com processo artesanal. As uvas são colhidas e selecionadas manualmente, os vinhos e espumantes são elaborados em pequena quantidade, os vinhos ficam 12 meses em barricas de carvalho importadas da França e mais seis meses descansando. Vinícolas do exterior que fazem até 400 milhões de garrafas por ano colhem a uva com máquinas e, ao invés de deixar em barricas de carvalho, colocam chips da madeira por algumas semanas num recipiente gigante onde é feito o vinho para a bebida ficar com um pouco de sabor de carvalho. Além disso, há custos de embalagens e a elevada carga tributária brasileira.
Enoturismo em expansão
As vinícolas de altitude também estão se fortalecendo no enoturismo. As que oferecem essa atração já vendem de 30% a 40% da produção na propriedade. Para visitar todas unidades abertas aos turistas é preciso ficar alguns dias em Santa Catarina. As paisagens variam um pouco, apesar da presença constante das araucárias. A região de São Joaquim, por exemplo, é mais montanhosa. A de Água Doce, no Meio Oeste do Estado, onde está a vinícola Villaggio Grando, apesar de ficar a 1.300 metros acima do nível do mar, é mais plana, diz o empresário Guilherme Grando.
– Cada vinícola tem o seu encantamento visual. Isso faz parte do vinho, as pessoas querem saber sobre o tipo de paisagem e solo, isso encanta muito o turista – observa o vitivinicultor.
Diferente de boa parte de outras regiões produtoras de vinhos, as vinícolas catarinenses são investimentos de empresários de outros setores ou profissionais liberais que viram no terroir favorável descoberto pela Epagri, a Empresa de Pesquisa Agrícola do Estado, uma oportunidade de diversificar negócios numa região de turismo de inverno, mas que pode fortalecer a atividade o ano todo, tendo atrações paralelas como a produção de maçã e parques naturais. As vinícolas que integram a Vinhos de Altitude Produtores Associados são a Suzin, Pericó, Abreu Garcia, D’alture, Quinta da Neve, Hiragami, Leone Di Venezia, Sanjo, Santa Augusta, Thera, Urupema, Villa Francioni, Villagio assetti, Villaggio Conti, Villagio Grando, Monte Agudo, Tenuta, Vivalti e Terramilia.
Negócio recente
O último grande negócio no polo vitivinícola de altitude de SC foi a troca de mãos da Vinícola Pericó, do Pericó Walley, em São Joaquim. O empresário Wandér Weege vendeu a empresa para um grupo de empreendedores, entre os quais estão Carlinho Bogo Junior, que é sócio do teleférico de Balneário Camboriú, e um empresário francês do setor de vinhos. Wandér, que fundou a vinícola em 2002 e consolidou a presença dela no país com o lançamento de 19 rótulos, decidiu vender porque achou que era hora de novos desafios. Um dos planos de Bogo é abrir a Pericó para o enoturismo.
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Fonte: Nsctotal.