A cabernet sauvignon também conhecida como a ‘rainha das uvas tintas’ é a principal uva de uma das mais tradicionais e das mais famosas regiões produtoras de vinho do mundo: Bordeaux. Os vinhos tintos de Bordeaux (vinho feito com mistura da cabernet sauvignon com outros tipos de uva) são almejados e copiados mundo afora, o que talvez explique porque essa uva é considerada por muitos como a ‘Rainha das Uvas’.
Mas não é só na França que a encontramos. Muito pelo contrário. A grande adaptabilidade deste tipo de uva fez com que seu cultivo se espalhasse por todo o mundo e, atualmente, é a cepa mais plantada em todos os países que se dedicam à produção de vinhos.
Questões comerciais também contribuíram para que a uva cabernet sauvignon se tornasse uma das mais cultivadas do mundo. De acordo com especialistas, em termos comerciais é sempre bom produzir um vinho Cabernet Sauvignon, pois esse tipo de vinho tem sido utilizado para avaliar a competência do produtor, a qualidade do vinho e as regiões produtoras como um todo. Além disso, segundo pesquisas de mercado, a venda do Cabernet Sauvignon impulsiona a venda dos demais tipos de vinho da mesma vinícola.
Origem e algumas características da Uva Cabernet Sauvignon
cacho e folha cabernet sauvignon
O berço desta uva, que é resultado do cruzamento da cabernet franc com a sauvignon blanc, é a região de Bordeaux, na França, especificamente a subregião de Médoc.
Os produtores são atraídos por esse tipo de uva porque, como já falamos, sua videira se adapta muito bem aos mais variados climas e solos e é muito resistente ao ataque de pragas e a chuvas. Não bastassem essas ótimas características, esse tipo de uva, apesar de ser pequena e ter pouca polpa, tem um alto rendimento por hectare, o que faz brilhar os olhos de qualquer produtor!
O período de maceração dos vinhos feitos com esse tipo de uva, que tem casca grossa e escura, é normalmente longo e feito em altas temperaturas, o que confere ao vinho Cabernet Sauvignon uma de suas caraterísticas mais marcantes: a coloração escura. Além disso, a maioria desses vinhos passa um longo período em barricas de carvalho, tornando-os mais encorpados e complexos.
Outra característica marcante é que a grande maioria dos vinhos Cabernet Sauvignon são ‘de corte’, ou seja, vinhos feitos com mistura de uvas. As regiões produtoras que mais se destacam possuem um padrão de assemblage para a produção desses vinhos. Assim, na região de Bordeaux é comum a mistura da cabernet sauvignon com a merlot e a cabernet franc; na Espanha, o mais comum é misturá-la com a tempranillo; na Itália, especificamente na Toscana, essa uva é misturada com diversos outro tipos, como com a estrangeira merlot e com a italiana sangiovese – mistura que causou a revolução da cabernet sauvignon nesse país, criando os chamados ‘supertoscanos’.
As Principais Regiões Produtoras
Como já mencionado, por ser uma uva que se adapta muito fácil aos mais distintos climas e solos e ter muita resistência às pragas e às chuvas, a cabernet sauvignon é cultivada no mundo todo.
Dentre as diversas regiões que se destacam na produção de bons vinhos Cabernet Sauvignon, destacaremos as regiões de Bordeaux, na França, da Toscana, na Itália e a Califórnia, nos Estados Unidos.
França Bordeaux, França
Os mais famosos vinhos Cabernet Sauvignon são os da região de Bordeaux, na França. Além de ser o berço desta cepa, os vinhos dessa região tornaram-se mundialmente conhecidos e estão, até hoje, no topo do ranking dos melhores vinhos tintos do mundo, fazendo com que o modelo de vinho de corte de Bordeaux seja copiado mundo afora.
Tradicionalmente os franceses misturam a cabernet sauvignon com a merlot e a cabernet franc, produzindo vinhos encorpados, longevos (alguns podem envelhecer até 40 anos) e complexos. Esse é o famoso ‘corte bordalês’ (mistura tradicional de uvas para a produção do vinho).
Outra particularidade da região é que a maioria de suas vinícolas adotam o nome de “Château” (em português, castelo) independentemente de ter um castelo na propriedade. É por isso que quando falamos de vinhos de Bordeaux, normalmente falamos de vinho do ‘Château A ou B’.
A título de curiosidade, destacamos alguns dos Châteaux mais famosos dessa região:
Château Latour: essa vinícola está localizada na microrregião de Pauillac e os seus vinhos mais conhecidos são Grand Vin de Château Latour, Pauillac e Les Fortes de Latour;
Château Margaux: é a vinícola mais visitada da região e o rótulo mais famoso leva o seu nome, o Chateau Margaux;
Château Haut-Brion: vinícola que produz o vinho que o crítico Robert Parker considera como o melhor vinho do mundo, o Château Haut-Brion;
Château Lafite-Rothschild: o vinho mais famoso dessa vinícola leva o seu próprio nome.
Toscana, Itália
Vinhedo ToscanaNa Itália, especificamente na região da Toscana, a mistura da uva cabernet sauvignon com outras uvas estrangeiras (não nativas da região) causou uma grande revolução nessa tradicional região vitivinícola. A partir dessa combinação nasceram os vinhos que passaram a ser chamados de ‘Supertoscanos’ ou ‘fora da lei’.
Os ‘Supertoscanos’ foram assim chamados porque, na época em que começaram a ser produzidos, o uso de uvas estrangeiras, como a cabernet sauvignon, era proibido. Além disso, como eram produzidos com uvas não permitidas na região, os vinhos não podiam usar a denominação de Chianti. Os produtores destes vinhos estavam autorizados, apenas, a usar a classificação mais baixa dos vinhos italianos, que é ‘vino da tavola’. Mas não obstante essa denominação, os ingleses e americanos reconheceram a excelente qualidade desse novo vinho e os apelidaram de ‘Supertoscanos’, para diferenciá-los dos ‘vino da tavola’.
O responsável pelo nascimento desse maravilhoso vinho foi o Marquês Piero Antinori, atualmente o mais famoso produtor de vinho da Toscana e produtor do prestigiado Solaia, que ganhou o prêmio de melhor vinho do ano pela revista Wine Spectator (Solaia 1997, vinho do ano em 2000).
Depois do reconhecimento da excelência de qualidade desses novos vinhos, o cultivo da cabernet sauvignon deixou de ser proibido e essa uva passou a ser cultivada de forma ampla e região passou a ser reconhecida mundialmente pela produção dos prestigiados ‘Supertoscanos’.
Poderi Boscarelli: essa vinícola está localizada em Montepulciano e tem pequena produção, mas de ótima qualidade (a importação desses vinhos no Brasil é feita pela Decanter);
Loacker: localizada na região de Montalcino, essa vinícola é conhecida por desenvolver um trabalho biodinâmico, em que toda intervenção do homem no vinhedo visa apenas estimular as defesas naturais (no Brasil, esses vinhos são importados pela Expand);
Petra: os vinhos dessa bela vinícola estão obtendo altas notas nas recentes degustações internacionais.
Califórnia, Estados Unidos
O Estado da Califórnia destaca-se no mundo do vinho não só por causa da grande quantidade produzida, mas também pela excelente qualidade de seus vinhos, que são conhecidos e respeitados mundialmente.
Depois de Bordeaux, Napa Valley é a principal região produtora de vinho Cabernet Sauvignon e de alguns dos melhores rótulos do chamado ‘Novo Mundo dos Vinhos’. Essa região foi reconhecida mundialmente como excelente produtora de vinho em 1976 quando, em uma competição de vinhos em Paris, alguns vinhos do Novo Mundo ganharam dos tradicionais e excelentes vinhos da Borgonha e de Bordeaux.
Desde então, o investimento em pesquisas e na melhora da qualidade dos vinhos só fizeram com que o reconhecimento dessa região fosse cada dia maior. Dentre as inúmeras vinícolas existentes, destacamos as seguintes:
Robert Mondavi Winery: vinícola que tem o nome daquele que é conhecido como ‘o pai do vinho da Califórnia’ e conceituada pela produção de espetaculares vinhos cabernet sauvignon;
Rubicon Estate – Niebaum Coppola: vinícola do cineasta Francis Ford Coppola. Os vinhos são de excelente qualidade e a vinícola oferece um museu dedicado aos filmes de Coppola;
Opus One: vinícola construída por Robert Mondavi com o barão francês Phillippe de Rothschild com o intuito de produzir do vinho dos sonhos. Como não poderia deixar de ser, os vinhos são espetaculares.
Outros países
O Chile é outro país que produz bons vinhos tintos. Os feitos com a uva cabernet sauvignon são considerados, por muitos, como os melhores vinhos tintos da América Latina.
Como não poderia deixar de ser, a uva cabernet sauvignon se adaptou muito bem nesse país. Quando a produção é alta a uva adquiri características vegetais que distinguem o vinho chileno de todos os outros que são feitos com essa mesma uva, fazendo com que os especialistas os reconheçam imediatamente.
De tão especial, o vinho Cousiño Macul Lota 2009, feito com 70% de uva cabernet sauvignon, foi eleito pelo Guia Descorchados 2015 como o Melhor Vinho Tinto Chileno!
Por fim, outro grande produtor de bons vinhos é a Austrália. Atualmente esse país tem mais de 2.000 vinícolas espalhadas por toda a sua extensão e está entre os cinco maiores exportadores de vinho do mundo.
Apesar da enorme variedade de uvas – a Austrália produz mais de 100 tipos de uvas – a cabernet sauvignon está presente em quase todas as regiões e com ela são produzidos excelentes vinhos, como o Penfolds Cabernet Sauvignon Barossa Valley Kalimna Block 2004 e o Penfolds Cabernet Sauvignon South Australia Bin 2010, que receberam nota 97 da Wine Spectator.
Fonte: Winer