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Os vinhos que bebemos já não são como os dos nossos avós, a culpa é do aquecimento global

Os vinhos que bebemos já não são como os dos nossos avós, a culpa é do aquecimento global

A Universidade Portucalense, do Porto, e a Universidade de Nova Iorque estão a estudar os efeitos negativos do aquecimento global na produção e no sabor dos vinhos da região Norte do país, que podem trazer consequências ao enoturismo

“São conhecidos os efeitos das mudanças climáticas sobre o território, em particular com a diminuição da água no solo e o aumento da temperatura, que vão mudando as características das regiões”, disse à Lusa a professora Isabel Freitas, da Universidade Portucalense, uma das responsáveis pelo projeto.

Associadas às alterações climáticas estão algumas catástrofes, como os incêndios, “que causam anualmente grande impacto no território, levando a que as condições das regiões se estejam a alterar significativamente”, indicou.

O objetivo deste projeto passa então por estudar o impacto das alterações climáticas no enoturismo e na paisagem cultural do vinho, de forma a prever e alertar os decisores locais e a comunidade para os efeitos negativos que as mesmas podem ter sobre o território e, consequentemente, sobre o turismo, a curto ou médio prazo.

Para a obtenção dos dados, a equipa tem recolhido amostras e realizado entrevistas, questionários, recolha de arquivo fotográfico, medições de temperatura e humidade e contabilizado o número de incêndios, nas regiões do Douro, do Porto e nas zonas de produção de vinho verde, como Braga, Guimarães e Ponte de Lima.

“As previsões indicam que, daqui a dez anos, os países nórdicos terão um clima excecional para o turismo e que, em Portugal, o clima já se estará mais quente e mais seco, como o de Marrocos, por exemplo”, indicou Isabel Freitas.

De acordo com a docente, isso poderá levar ao desaparecimento da paisagem da vinha tradicional, “um dos elementos mais atrativos que Portugal tem, com imenso potencial turístico”.

“Quando o enoturista procura uma região, procura pelo vinho, pela experiência e pelas emoções e grande parte dessas emoções estão centradas na paisagem, na cultura e na diversidade da intervenção humana sobre um território”, frisou.

A professora defende que as minhas, os ribeiros, os riachos e os rios devem ser salvaguardados, visto serem recursos “extremamente importantes” para manter a biodiversidade e a paisagem.

“É preciso ter cuidado porque se a água continua a desaparecer deixamos de ter uma paisagem atrativa, trabalhada pelo homem, como acontece no Douro, para termos apenas floresta”, notou.

De acordo com o investigador Gregory Gardner, da Universidade Estadual de Nova Iorque, outro dos responsáveis pelo projeto, na maior parte da Europa, “as alterações climáticas começaram a afetar a produção de vinho e o sabor do vinho. Em Espanha, por exemplo, já existem problemas a esse nível porque está muito quente para produzir”.

Segundo o especialista, no futuro será necessário “ensinar a uma nova geração de pessoas o que é o vinho do Porto, por exemplo, porque não será o mesmo dos tempos dos seus pais e dos seus avós”.

 

Fonte: Sapo

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